quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Ministério incentiva plantio direto na palha



A técnica de plantio direto na palha empregada no bioma Cerrado é uma das principais responsáveis pelo aumento da produção de grãos em diversos estados brasileiros. De acordo com o diretor honorário da Federação Brasileira de Plantio Direto na Palha (FEBRAPDP), Manoel Henrique Pereira, o período de estiagem deixa o solo pobre, mas o sistema permite a produção o ano inteiro e de forma sustentável, mesmo sob condições de seca.

O plantio direto melhora a produtividade das culturas porque tem como base a incorporação de matéria orgânica ao solo, que retira gás carbônico da atmosfera para nutrir as plantas e preserva a umidade. “No Cerrado, é quase inviável manter a lavoura sem esse sistema quando não chove”, explica Manoel Pereira.

Além disso, a semeadura é feita na palha da cultura anterior, sem a necessidade de queima da área e de revolvimento do solo, reduzindo a liberação do dióxido de carbono (CO2) e as erosões. O plantio direto também é uma prática conservacionista, preservando a qualidade dos recursos naturais como a água. A técnica recebe o incentivo do Ministério da Agricultura por meio do programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC), lançado na safra 2010/2011 para diminuir a emissão de gases de efeito estufa.

De acordo com o chefe da Divisão de Agricultura Conservacionista do ministério, Maurício Carvalho, o governo federal está estabelecendo instrumentos para a adoção de sistemas sustentáveis de agricultura, como o plantio direto na palha, integração lavoura-pecuária e a rotação de culturas. “Temos uma proposta clara colocada para a sociedade e que agora precisa de divulgação e de capacitação de técnicos, o que vai melhorar a produtividade e a sustentabilidade do sistema agrícola como um todo”, destaca.


A estimativa é de que, em dez anos, a área atual com uso da técnica de plantio direto seja ampliada em oito milhões de hectares, passando de 25 milhões para 33 milhões de hectares. Esse acréscimo vai permitir a redução da emissão de 16 a 20 milhões de toneladas de CO2 equivalentes. O programa ABC destina R$ 2 bilhões para as práticas agronômicas que permitem compatibilizar aumento da produção e proteção ao meio ambiente.
Fonte: Mapa

Informações Técnicas sobre o Plantio Direto

Plantio Direto
Caminho para a Agricultura Sustentável

Sistema Plantio Direto
O Sistema Plantio Direto (SPD) é um sistema de manejo do solo onde a palha e os restos vegetais são deixados na superfície do solo.
O solo é revolvido apenas no sulco onde são depositadas sementes e fertilizantes. As plantas infestantes são controladas por herbicidas. Não existe preparo do solo além da mobilização no sulco de plantio.
Considera-se que para o sucesso do sistema são fundamentais a rotação de culturas e o manejo integrado de pragas, doenças e plantas invasoras.

Amendoim no sistema plantio direto sobre pastagem
Reduzir a erosão, melhorar as condições físicas e de fertilidade do solo, aumentar o teor de matéria orgânica, nutrientes e água armazenada no solo e diminuir o consumo de combustíveis com a manutenção da produtividade das culturas indicam o SPD como o sistema para alcançar a sustentabilidade da agricultura, com redução dos impactos ambientais.
Desde 2001, o SPD brasileiro é indicado pela FAO (Fundo das Nações Unidas para a Agricultura) como modelo de agricultura.
Vantagens Agronômicas
- Controle da erosão.
- Aumento da água armazenada no solo.
- Redução da oscilação térmica.
- Aumento da atividade biológica.
- Aumento dos teores da matéria orgânica.
- Melhoria da estrutura do solo.

Controle da erosão
O SPD é um sistema de manejo muito eficiente no controle da erosão. A palha sobre a superfície protege o solo contra o impacto das gotas de chuva, reduzindo a desagregação e o selamento da superfície, garantindo maior infiltração de água e menor arraste de terra. As perdas de nutrientes, proporcionais às perdas de terra e água, são também menores no SPD. Considerando a área ocupada por culturas anuais no Estado de São Paulo, cerca de 2.800.000 ha, calcula-se que, sob sistemas convencionais de cultivo, seriam perdidas, anualmente, 33 milhões de toneladas de terra e 4 3 bilhões de m de água na forma de enxurrada. Em SPD essas perdas anuais seriam reduzidas significativamente.
Sistema Convencional com processo de erosão
O SPD reduz até em 90% as perdas de terra e até em 70% a enxurrada.
Temperatura e umidade do solo
O SPD se beneficia com a cobertura do solo pela palha e com a pouca mobilização da superfície. Com o aumento da cobertura de 30% para 80%, a temperatura da superfície é reduzida até em 4 ºC e a oscilação da temperatura do solo durante o dia também diminui, com benefícios para o desenvolvimento das plantas. Com uma cobertura morta de cerca de 70%, a evaporação do solo reduz-se para cerca de 1/4. Assim, a retenção de água é maior, podendo representar uma economia até de 30% de água em algumas áreas de produção irrigada ou a manutenção da produtividade em áreas de sequeiro quando ocorrem veranicos.
Manutenção da fertilidade
No SPD há aumento dos teores da matéria orgânica no solo.
Esse aumento resulta em melhoria de estrutura, aumento da atividade biológica e da disponibilidade de nutrientes, como fósforo e cálcio.
Todos esses fatores contribuem para o aumento no rendimento das culturas e possibilitam a redução da aplicação de fertilizantes, especialmente os fosfatados.
Vantagens econômicas e operacionais
- Economia de combustível.
- Aumento da vida útil das máquinas.
- Necessidade de menor volume de chuvas para o trabalho da terra.
- Maior controle sobre a época de semeadura.
- Possibilidade de economia de fertilizantes.

O custo de produção no SPD é cerca de 6% a 14% mais baixo que nos sistemas convencionais. A economia de combustível é um dos fatores que mais contribuem para a redução dos custos, pois o consumo de diesel chega a ser 70% menor.
Sem aração e gradagens, a potência requerida para tratores é 30 % a 60 % menor, com aumento da vida útil de máquinas e implementos.
Com o SPD o planejamento das épocas de plantio pode ser executado com maior precisão atendendo às necessidades das culturas da safra e safrinha
Vantagens ambientais
- Diminuição no consumo de petróleo (combustíveis fósseis).
- Seqüestro de carbono pelo aumento do estoque de carbono no solo e da matéria orgânica em decomposição na superfície.
- Redução das perda de solo por erosão, do assoreamento e da poluição difusa que atinge reservatórios e cursos de água.
O que é preciso para entrar no sistema plantio direto
- Qualificação e treinamento.
- Correção inicial da área.
- Equipamentos adequados.
- Manejo correto de infestantes.
- Definição de culturas adequadas para rotação e cobertura do solo.

A adoção do SPD possibilita uma agricultura mais sustentável, com menor impacto sobre o ambiente e altos rendimentos de produção.

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