sábado, 4 de dezembro de 2010

Futuro do Protocolo de Kyoto abre dúvidas na COP-16

Estados Unidos e China são desfavoráveis a políticas mais fortes de combate às mudanças climáticas
"Estamos dispostos a considerar um segundo período de compromissos", disse Peter Wittoeck, porta-voz da UE


O Protocolo de Kyoto, único tratado internacional de redução de emissões que existe atualmente, perdeu apoio na 16ª Conferência das Partes da ONU sobre Mudança Climática (COP-16) realizada em Cancún, México. Desde seu lançamento em 1997, o protocolo gerou críticas e descontentamento, especialmente por parte dos Estados Unidos. Naquele ano, o país assinou o tratado, mas nunca o ratificou. Nesta COP-16, busca-se atualizá-lo para tentar salvar alguns dos instrumentos que podem ser melhorados.


O Japão, por exemplo, já se mostrou contrário a uma segunda fase do protocolo, mas não se opôs à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), que busca estabilizar as concentrações de gases poluentes na atmosfera.


A postura japonesa implica que, além de 2012, quando expira o Protocolo de Kyoto, deve haver melhoras e compromissos de todos, especialmente da China, para a qual congelar a segunda fase impõe problemas.


Segundo o chefe dos negociadores da China, Su Wei, o protocolo é o pilar indispensável do sistema. "Se colapsar, acho que as consequências serão sentidas na arquitetura da mudança climática. Se cogitarmos barrar o protocolo, não acho que daremos nenhum passo adiante", concluiu.


A Aliança de Pequenos Estados Insulares (AOSIS), que aglutina 43 pequenos países-ilha, entre eles os que correm mais riscos com o efeito da alta do nível do mar, já expressou seu desgosto com a lentidão nas negociações sobre o futuro do Protocolo de Kyoto.




Mediação
A União Europeia (UE) mediou nesta quinta-feira (03/12) as discussões sobre o assunto, situando-se a meio caminho entre Japão e os países em desenvolvimento. "Estamos dispostos a considerar um segundo período de compromissos", desde que o compromisso "possa garantir que haverá ações para solucionar o problema climático", indicou Peter Wittoeck, porta-voz da UE na COP-16.


A UE acredita que é possível "sair da encruzilhada" entre as duas posições e assinala que é necessário "melhorar a integridade ambiental" do protocolo, cujas regras e mecanismos, como os mercados de carbono, não estão funcionando tão bem como poderiam.


Um dos países de referência em Cancún, o Brasil, está muito atento ao que pode acontecer com Kyoto-2, e teme que uma falta de acordos sobre novos compromissos e ações dos países mais e menos desenvolvidos conduza a um fracasso da COP-16. O Brasil apoia um segundo período de Kyoto no qual se estabeleçam metas de redução de emissões de 25% a 40%, frente aos níveis de emissão de 1990, tal como recomenda o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês).
Fonte: Revista Globo Rural

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